domingo, outubro 11, 2015

Cunha tem apoio de evangélicos, ruralistas e bancada da bala

BRASÍLIA - O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), tem hoje como pilares políticos espalhados em três fortes bancadas na Casa: a dos evangélicos, a dos ruralistas e a chamada bancada da bala. Mais do que a gratidão por desengavetar matérias que há anos eram tabu na Casa, como a que garantiu a redução da maioridade penal, esses aliados ainda têm esperança de ver votados projetos como o que revisa o Estatuto do Desarmamento e o polêmico Estatuto da Família. 

Mesmo com o agravamento das denúncias contra Cunha - na sexta, veio à tona relatório do Ministério Público suíço mostrando que ele usou contas secretas na Suíça para pagar faturas de cartões de crédito e despesas pessoais da mulher e da filha na Inglaterra, na Espanha e nos Estados Unidos, como aulas de tênis -, essas bancadas preferem agir com cautela e, em conversas ao longo da semana, defenderam o aliado. Para completar, Cunha tem a solidariedade das mais de duas dezenas de parlamentares que, como ele, estão sendo investigados pela Operação Lava-Jato. Nos bastidores, porém, todos os grupos reconhecem que trata-se de uma corrida contra o tempo.

Segundo aliados, a força de Cunha se explica por vários motivos. Primeiro, a relação que cultivou com os colegas ainda como líder do PMDB. Cunha sempre optou por agir de forma solidária com colegas acusados, até mesmo no caso do primeiro deputado preso, Natan Donadon. Também conquistou a fama de alguém que cumpre compromissos, conquistando o reconhecimento até entre petistas. Aliados dizem que Cunha representa "o máximo do espírito de corpo da Casa" e que, como presidente, valorizou a Câmara em contraponto ao Executivo. (O Globo)

— Ele é um daqueles que a Casa toda vai à beira da cova e, mesmo na beirada, tentará segurá-lo, em vez de empurrar, como diz o ditado muito repetido na política. Agora, só tem uma vaga na cova, por isso, no limite, não vão pular junto com ele — comenta um aliado próximo.


— A oposição não vai empurrá-lo para o abismo, mas também não vai segurá-lo. Não tem o que fazer quando estourar e aparecer o extrato. A situação dele já está definida, ele está perdido, mas vai fazer o impeachment. Sai da presidência e se defende como deputado. O problema é: qual o prazo? Mesmo no Conselho de Ética a coisa leva tempo — acrescenta um oposicionista.

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